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Generalidades do Oboépublicado em sexta-feira, 3 de janeiro de 2014( 2 comentário s, enviar um comentário! )
Por isso preferi fazer uma apresentação prévia do principal assunto do meu site: O OBOÉ
FAMÍLIA COMPLETA DO OBOÉ:
da esquerda para a direita: oboé musette (sopranino) em fá oboé normal (soprano) em dó oboé d´amore(mezzo-soprano) em lá corne inglês (oboé contralto) em fá oboé barítono (oboé baixo) em dó, soa uma oitava abaixo do oboé normal. Ao comentar sobre História, qualquer criança que já tenha frequentado o início da escola primária já saberá o que significa. O que faço aqui é uma breve apresentação, com pequenos aspectos históricos como se eu tivesse apresentando uma pessoa importante e seus principais feitos.
De nada adiantaria versar um livro sobre o avião sem falar em Santos Dumont, da mesma forma penso que é perda de tempo entrar em termos complicados sobre escala ou timbre do oboé sem antes dizer exatamente quem ele é, o que faz e o que o torna tão apaixonante.
Este texto foi elaborado a partir do material que escrevi para a minha querida filha apresentar uma palestra sobre o oboé em 1994 quando ela estava com 12 anos, na escola fundamental. Anos se passaram e várias pesquisas enriqueceram-no. Recentemente me pediram um material sobre oboé que seria proferido em uma palestra sobre oboé e fagote numa determinada igreja. Tendo como base o texto escrito em 1994, incrementei-o com tópicos que eu havia pesquisado e para mim tornou-se o pilar que servirá de apoio a todo o assunto a ser abordado no site.
GENERALIDADES DO OBOÉ
O oboé é um instrumento musical do grupo das madeiras, da família das palhetas duplas. Possui tubo cônico com orifícios e chaves para a mudança das notas. Seu timbre é delicado e doce, produzindo um som suave e agradável. A característica harmônica do seu som assemelha-se ao violino e tem semelhança significativa com a voz humana (particularmente a voz feminina).
Na orquestra o oboé toca a voz do soprano (voz aguda) de uma família de instrumentos que compreendem: oboé em dó, o oboé d´amore em lá, o corne inglês em fá e o oboé barítono em dó, afinado uma oitava abaixo do oboé normal. Na orquestra sinfônica o fagote é considerado o baixo da família das palhetas duplas.
A música para oboé é escrita na clave de sol, tocando as notas na tonalidade diretamente escrita na partitura, não é um instrumento transpositor. A música para oboé d´amore e para o corne inglês é escrita transposta para que o músico execute como se estivesse tocando um oboé em dó, soando uma terça abaixo no oboé d´amore e uma quinta abaixo no corne inglês. A música para oboé barítono também é escrita na clave de sol, porém soando uma oitava abaixo. A extensão do oboé vai do Sib2 ao sol5(essa nomenclatura de notas seguidas de números, refere-se às teclas do piano), o dó3, dó central no piano é a nota dó mais grave no oboé, na literatura para oboé é normalmente chamada de dó1 e o sol5, é chamado de sol3, o instrumento pode alcançar algumas notas mais agudas dependendo da técnica do oboísta.
Na orquestra moderna o oboé exerce papel preponderante, a nota LÁ inicial para afinação de todos os instrumentos é executada pelo oboé.
O oboé moderno possui cerca de 17 a 20 chaves, variando este número de acordo com o sistema adotado, os mais conhecidos: Sistema Francês (Sistema Triébert), sendo este o sistema universal de mecânica e dedilhado de oboé, Sistema Alemão, Sistema Italiano (Sistema Prestini) e Sistema Inglês ou thumb plate(chave de polegar). Na Áustria, exclusivamente em Viena, toca-se o oboé vienense, instrumento com uma mecânica diferente dos oboés normais, com uma técnica diferente do oboé de Sistema Triébert, a mecânica é praticamente a mesma dos oboés utilizados no século XIX. O oboé moderno mede cerca de 60cm sem o conjunto da palheta, com o conjunto chega a medir 65cm. O conjunto da palheta dupla é formada de uma cana dobrada e amarrada num tubo metálico revestido de cortiça, raspa-se até a espessura ideal e corta-se a ponta, não há necessidade de boquilha, o oboísta introduz a palheta diretamente entre os lábios e a vibra com a pressão do ar.
Nos dias de hoje pode ser fabricado em madeira, normalmente em grenadilla de ébano, ou de material sintético, houve um pequeno número de instrumentos fabricados em metal, no período barroco também foi fabricado em marfim.
SEMELHANÇA DO SOM DO OBOÉ COM O VIOLINO E VOZ HUMANA
A semelhança harmônica entre o som do oboé com o violino é de tal maneira que Vivaldi(1678-1741) dava ao oboé um tratamento “violinístico”. No autógrafo de “As Quatro Estações”, Vivaldi escreveu: “Também pode ser executado com oboé ”.
O oboé é o instrumento cujo timbre mais se aproxima da voz humana, característica que é percebida ao ouvir as cantatas de
Bach(1685-1750), onde muitas vezes uma das vozes cantava com acompanhamento apenas de um oboé e o baixo contínuo, em certas ocasiões, havia um fagote no baixo contínuo dando à peça um colorido especial. Constata-se a beleza dessas passagens na Cantata para soprano BWV 202, de Bach, na terceira ária. Ouve-se também esta semelhança na peça Zaide de Mozart(1756-1791) na ária Ruhe Sanft, onde podemos desfrutar de um lindo trílogo entre a soprano, o oboé e o fagote (uma das melhores gravações desta peça é com a Academy of Saint-Martin-in-the-Fields, regência de Neville Marriner com a soprano Felicity Lott, na coleção da trilha sonora do filme Amadeus de 1986). A ORIGEM DA PALAVRA OBOÉ
A palavra OBOÉ, é originária do francês e é uma palavra composta: HAUT que se pronuncia Ô, quer dizer alta, superior.
BOIS, que atualmente se pronuncia BOÁ, quer dizer madeira, porém no francês arcaico pronunciava-se BOÉ, portanto OBOÉ vem da junção destas duas palavras e seu significado é MADEIRA ALTA ou MADEIRA SUPERIOR, em se tratando de instrumento musical é: INSTRUMENTO DE MADEIRA SUPERIOR ou ALTO, AGUDO. Nos países de língua francesa ainda se escreve HAUTBOIS, pronunciando-se ÔBOÁ.
O verbete OBOE, foi adotado por quase todas as línguas, com acento agudo no E, existe somente no Português, no inglês escreve-se OBOE, pronunciando-se OBÔu, no alemão a escrita é a mesma, pronunciando-se OBOE, com Ó aberto como se tivesse acento, no italiano,
pronuncia-se OBOI. ORIGENS DO OBOÉ
O oboé já era conhecido no antigo Egito e Israel, como Flauta, na Grécia antiga era conhecido como Aulos, posteriormente na Roma Antiga era chamado de Tíbia.
O oboé é a evolução da charamela, um instrumento medieval de palheta dupla, surgiu na França no final do século XVII e deve-se a construção do primeiro oboé a Jean Hotetterre (1605-1690), luthier francês oriundo de família de músicos.
As charamelas tinham um som muito tímido e uma escala curta que não continha algumas notas da escala cromática. Havia um anseio por um instrumento que tivesse um som mais forte. O “novo” instrumento foi projetado com um corpo mais delgado, furação mais estreita e campana mais fechada, tornando o som mais harmônico, a embocadura do oboé é diretamente na palheta dupla, tornando o instrumento mais controlável em passagens rápidas e de maior expressão. Com uma palheta um pouco maior do que a da charamela, tocava-se uma escala mais precisa e um som mais forte e estável, assim o oboé barroco logo foi aceito em todos os meios musicais europeus.
O oboé barroco de duas chaves foi por muito tempo, (aproximadamente 100 anos), o padrão da época, assim como o
Modelo Conservatório tem mais de 100 anos com leves modificações, mas no geral continua tão atual quanto um século atrás. O oboé que tocamos nos dias de hoje, comumente chamado de oboé moderno começou sua evolução mais expressiva a partir do início do século XIX, graças ao trabalho e a arte incansável de GuillaumeTriébert (1770-1848, pronuncia-se GuilhômeTribér) e Henri Brod (1799-1839). Triébert abriu seu atelier em Paris em 1810. Brod era oboísta profissional e construiu oboés com significativos avanços na década de 1830, deve-se a Brod o platô (pequeno prato) com meio furo que hoje conhecemos e afina o dó#, ré e mib, na segunda oitava. GuillaumeTriébert morreu em 1848, seus filhos Frédéric (1813-1878) e Charles Louis (1810-1863), ambos oboístas profissionais o sucederam, continuando o trabalho de aprimoramento na mecânica e técnica do oboé. Após sua morte, Charles Louis, seu filho (que mais tarde foi professor no Conservatório de Paris), lançou o Sistema Triébert 5, de onde o Sistema Inglês é oriundo e atualmente é uma mescla do Sistema Conservatório e Sistema 5. Na Alemanha os fabricantes que mais se destacaram foram Johann Christoph Denner (1655-1707), Denner foi um dos mais proeminentes fabricantes alemães no período barroco, seus oboés e fagotes eram muito procurados nos meios musicais de então, nos dias de hoje são os mais requisitados para réplicas a pedido de grupos de música antiga. Segundo relatos foi Denner quem inventou o clarinete a partir de melhorias no chalumeau, outros fabricantes que merecem evidência são, Augustin Grenser (1720-1808), Jakob Grundmann (1727-1800) e Johann Heinrich Eichentopf (1678-1769), que teria sido o idealizador do oboé da caccia e inventor do oboé d´amore. Já no século XIX Joseph Sellner (1787-1843) implementou algumas melhorias nos oboés que ficaram conhecidos como Sistema Sellner, de onde originou o oboé vienense. Em 1840, GuillaumeTriébert lançou o Sistema Triébert 3, a gênese dos oboés mecanizados, aproveitando alguns melhoramentos propostos por Theobald Boehm (1794-1881) que já havia implementado melhorias na flauta transversal. Em 1844, lançou o
Triébert Sistema 4, com pequenas diferenças e melhorias em relação ao anterior, as chaves longas do dedo mínimo esquerdo deram lugar a uma chave do tipo borboleta, que permanecem até os dias de hoje nos oboés modernos, é uma chave de eixo único de duas ações, apertando-se para o lado direito, a nota soa Mib, para o lado esquerdo Si natural, que era a nota mais grave do oboé na época, havia também um platô diferenciado na primeira posição para que se tocasse um dó da segunda oitava em posição de forquilha apertando apenas o segundo dedo da mão esquerda no segundo furo. Em 1875 Frédéric lançou o Sistema Triébert 6, que foi logo adotado por Georges Gillet (1854-1920), professor do Conservatório de Paris, por isto este sistema recebeu o apelido de “Sistema Conservatório”. Com a morte de Frédéric em 1878, a empresa Triébert & Fils (Triébert e Filhos) declinou e foi vendida a outra empresa, vindo a desaparecer totalmente em meados do século XX Em 1881, François Lorée (1835-1902), que havia sido o principal artesão da Triébert, abriu seu atelier em Paris e com ele vieram vários aprimoramentos no oboé e nos outros instrumentos da família. A F. Lorée hoje é administrada pela família De Gourdon, mantendo seu nome original.
Em 1906, após a morte de François Lorée, seu filho Lucien Lorée (1867-1945), juntamente com Georges Gillet, lançaram o modelo Conservatório Modificado, que foi uma pequena evolução do Sistema Triébert 6, colocando platôs nos lugares dos anéis e o anel duplo na posição 6, criando o trinado de Ré# e mi, chamado de split D(ré dividido), hoje mais conhecido como Sistema Gillet e é o sistema mundialmente utilizado na mecânica dos oboés, facilitando a técnica e embelezando ainda mais o instrumento, podemos afirmar que foi a última evolução significativa no oboé. Nos dias de hoje há vários sistemas de dedilhado do oboé, porém todos tem como base o Sistema Conservatório idealizado por Fréderic Triébert em 1875, as chaves do dedo mínimo direito e esquerdo são padrão em todos os sistemas e são as mesmas desenvolvidas a partir do Sistema Triébert 4 em 1844. O único sistema diferente em técnica e dedilhado é o oboé vienense.
O OBOÉ D´AMORE
O oboé d´amore é um instrumento que soa em lá, uma terça abaixo do oboé normal. Recebeu este nome devido a característica do seu som agradável, levemente mais grave que o oboé normal, nome que, no período barroco se dava a instrumentos afinados uma terça abaixo do instrumento principal. Possui corpo reto e campana em pera como o corne inglês, daí a característica suave do seu som.
Em um grande número de cantatas de Bach o oboé d´amore atuava na condição de solista, dialogando com naipe das vozes, substituindo o oboé normal. Devido o som levemente mais grave, caiu nas graças de Bach como o instrumento ideal para o acompanhamento das vozes em suas cantatas. Pelo seu timbre pastoral era muito utilizado nas igrejas Luteranas no norte da Alemanha. Seu uso era restrito a uma pequena região alemã onde era difundido, de onde saíram os primeiros modelos.
Nenhuma literatura para oboé d´amore foi escrita na França. Telemann compôs belas peças para oboé d´amore e outras para oboé d´amore com outros instrumentos. O CORNE INGLÊS
O corne inglês ou oboé contralto, é um instrumento que soa em fá, uma quinta abaixo do oboé normal, possui campana em pera como o oboé d´amore e um som mais grave e melancólico. Não é corne (instrumento originados de chifres de carneiro) nem tampouco inglês, recebeu este nome devido uma variação do francês COR ANGLÉ, instrumento em ângulo ou curvo, mudaram a escrita para COR ANGLAIS, pronunciando-se também COR ANGLÉ. Outros pesquisadores defendem que seu nome origina do alemão ENGELLISHE HORN, ou instrumento de som angelical. Ideal para peças mais soturnas.
Ficaram famosos solos para corne inglês como a pastoral da Abertura de Guilherme Tell de Rossini(1792-1868), o Largo da Sinfonia do Novo Mundo de Dvoräk(1841-1904), o solo da Abertura O Carnaval Romano de Berlioz(1803-1869) e no poema musical O Cisne de Tuonella, de Jean Sibelius(1865-1957). É uma evolução dos antigos oboés de caça que eram conhecidos na Alemanha e eram curvos com o corpo revestido em couro. Os franceses fabricavam corne inglês em ângulo e o chamavam de Taille du Hautbois. Henri Brod construiu um corne inglês reto que chamou de Cor Anglais Moderne (Corne Inglês Moderno). A partir de Brod e Triébert, o corne inglês passou a ser fabricado em corpo reto.
O OBOÉ BARÍTONO ou OBOÉ BAIXO (na Inglaterra)
O oboé barítono ou oboé baixo era conhecido na França no período barroco para o acompanhamento de peças corais.
Com a evolução do fagote, passou a ser menos utilizado. É afinado em dó, soando uma oitava abaixo do oboé normal, por isso a música para este instrumento é escrita na clave de sol. Era mais conhecido na França onde alguns luthiers o fabricaram na mecânica da época. Triébert e Brod construíram um oboé barítono em corpo dobrado como o fagote, campana em pera como o corne inglês, antes Charles Bizey (1685-1752), luthier francês do período barroco havia construído um oboé barítono em corpo dobrado e Christoph Delusse (1758-1792) havia construído um oboé contrabaixo em corpo reto (hoje no Museu da Música em Paris). Em 1889 François Lorée fabricou um oboé barítono em corpo reto e mecânica do Sistema Boehm e com ele ganhou medalha de prata na Exposição Universal de Paris naquele ano. Richard Wagner (1813-1883) não estava contente com o som que o corne inglês proporcionava em suas peças, queria um som mais grave de um instrumento da família dos oboés, encomendou a Whillelm Heckel (1856-1909), luthier alemão de instrumentos de sopro de madeira, um oboé baixo com mais volume de som.
Heckel passou a pesquisar e baseou-se num oboé de corpo grande chamado de Basse de Musette, que já estava num museu na Suíça. Construiu um instrumento de corpo reto com mecânica dos oboés alemães e o chamou de HECKELPHONE. Wagner não teve o privilégio de ter o Heckelphone em sua orquestra, faleceu em 1883.
O Heckelphone foi lançado em 1904. Richard Strauss (1864-1949) o utilizou em Sinfonia Alpina e Elektra. Paul Hindemith (1895-1963), compôs um trio para Heckelphone, viola e piano em 1928.
Gustave Holst (1874-1934) utilizou o oboé barítono na peça Os Planetas.
Já no século XXI, em 2010, a empresa Wolf da Alemanha (que fabrica oboés vienenses, fagotes e instrumentos históricos) lançou um novo oboé baixo que foi chamado de Lupophon, este oboé baixo consegue chegar até o fá grave.
Segue link do site da empresa: http://www.guntramwolf.de/englisch/o_modern.html O OBOÉ e OUTROS INSTRUMENTOS de MADEIRA
A comparação do oboé com os outros instrumentos de sopro de madeira:
OBOÉ: tubo cônico e produz som com palheta dupla
FAGOTE: tubo cônico dobrado e produz som com palheta dupla, porém
a mecânica é totalmente diferente do oboé
CLARINETE: tubo cilíndrico e palheta única
FLAUTA
Mozart: Concerto para oboé e orquestra em Dó Maior, KV314, com François Leleux e a Orquestra da Rádio de Frankfurt Mozart Berlioz Vídeos relacionados:Comentários:Envie o seu comentário:Quer comentar no Facebook? Então clique aqui.Comente no Facebook: |