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O Fagote a Segunda Paixão

publicado em segunda-feira, 21 de abril de 2014
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A Paixão pelo Fagote
Hoje 21 de abril o país comemora a data da morte de Tiradentes, grande herói nacional que deu a sua vida pela liberdade da nossa pátria, porém para mim e minha família hoje é dia de nascimento e alegria, pois há 34 anos atrás nasceu o meu filho Nizaor Júnior, que ao longo desses anos tem sido mais que filho, um grande amigo. Hoje sua paixão é por cervejas e colecionismo, podendo conferir seu trabalho no www.jrdiecast.com.br

A primeira vez que vi um fagote foi no filme Dona Flor e Seus Dois Maridos em 1980. Foi uma surpresa pois não conhecia nenhum instrumento da família das palhetas duplas. Não tenho lembrança se prestei atenção na suavidade do seu som , mas na época não dei muita importância e mesmo que quisesse as salas de cinema não possuíam boa sonorização como as salas atuais.
Alguns anos mais tarde quando comecei a me interessar em aprender a música, me veio a lembrança, perguntei a pessoas com mais conhecimento que instrumento era aquele que eu havia visto no filme, me informaram que era o fagote e que era um instrumento caro. O som do fagote é um grave suave, parecendo um violoncelo de sopro.
Quando iniciei meus estudos de música, já fui direcionado ao oboé, embora eu já tivesse um grande interesse em aprender fagote, mas se para conseguir um oboé foi uma tremenda dificuldade, quanto mais um fagote.
Em fins de 1984 fui a um concerto da Orquestra Sinfônica Juvenil da Universidade Federal do Paraná, ainda guardo a programação deste concerto e como introdução teve um concerto para fagote de Capel Bond (1730-1790), pude constatar a beleza e magia do som do fagote. Como o concerto era de uma orquestra juvenil, houve uma explicação didática sobre o instrumento. O que mais me chamou a atenção foi a suavidade do som do fagote em relação ao clarinete baixo que eu já conhecia. Mas eu ainda era iniciante na música e já estava reservando dinheiro para comprar um oboé, confesso que fiquei balanceado, mas preferi optar pelo oboé.
Quando comecei a colecionar música e catálogos de oboé, da mesma forma comecei a colecionar para fagote, pois eu nutria as duas paixões. Tentei migrar do oboé para o fagote, porém sem sucesso devido as dificuldades financeiras, o preço de um fagote de estudante na época era proibitivo e eu não tinha condições sequer de ter um oboé profissional quanto mais um fagote.
Em 1987 conheci um músico no interior de São Paulo que já era fagotista há muito tempo e assim como eu, tinha paixão pelo oboé, tentei fazer uma troca, mas ele não tinha como concretizá-la pois não podia ficar sem seu fagote. Nesta época pensei em sepultar definitivamente o desejo de tocar fagote. Me concentrei em comprar um oboé profissional para me aprofundar nos estudos.
No início de 1988 meu filho começou a estudar violino, mas eu não sabia da sua paixão pelo fagote, ele era muito criança e mesmo que eu tivesse tido condições de comprar um fagote, seus dedos ainda pequenos não alcançariam as chaves.
O sonho de ter um fagote na família foi realizado em 1997 quando ele já jovem, participava de um grupo de flauta doce, consegui comprar um fagote de estudante para ele. Como ele tinha muito mais musicalidade que eu, teve um rápido desenvolvimento e por um pequeno período pude ter um fagotista para me acompanhar e sendo meu filho, me sentia muito mais realizado.
Mas infelizmente nossa felicidade não durou muito tempo, ele teve de parar os estudos de música para se dedicar aos estudos profissionais e ao trabalho de forma que o fagote ficou um pouco de lado. Em 1999 o sonho acabou com o governo neo-liberal vigente no país ao decretar uma maxidesvalorização da moeda. Fui obrigado a vender o fagote do Júnior para saldar alguns compromissos principalmente o de moradia.
Quando comecei a colecionar artigos sobre a história do oboé, juntei a eles também artigos sobre a história do fagote, que ainda os tenho hoje e leio aos poucos.


Capa do catálogo de fagotes da Schreiber alemã na década de 1980


Coleção de fagotes no catálogo da Schreiber alemã na década de 1980, acima um contrafagote,
logo abaixo o fagote de estudante, ao meio o intermediário e finalmente abaixo o modelo profissional


Finalmente em 2012 consegui comprar um fagote em São Paulo que estava num preço bom e o guardei por um ano, meu filho hoje um homem casado e já tendo seu trabalho, não tem tempo para estudar fagote novamente, embora ainda nutra a paixão. Ainda em 2012, me pediram um artigo sobre oboé e fagote que seria proferido em uma palestra numa determinada igreja, preparei o artigo que eu já havia escrito para o oboé, porém como não tinha nenhum artigo de minha autoria sobre o fagote, repassei o artigo em português que havia sido publicado pela Salvati Editora ainda na década de 1980.
Em meados de 2013, consegui finalmente começar a estudar com Henriette Hillbrecht, musicista de Joinville-SC que vem me desvendando os segredos deste instrumento tão fantástico quanto o oboé, tenho sentido que depois de conhecer melhor este instrumento minha paixão aumenta a cada dia.
Meu instrumento principal é o oboé, o estudo do fagote faz com que eu tenha mais conhecimento de um instrumento que me fascina e para que quando eu ler algum artigo sobre fagote, eu tenha mais entendimento sobre o que está sendo escrito seja sobre técnica, repertório ou mecânica do fagote.

Vídeo Ilustrativo:
Mozart: Sonata para Fagote e Violoncelo KV292. Ilustra a semelhança entre o som do fagote com o do violoncelo. Há passagens que não se consegue distinguir se é o violoncelo que está tocando ou o fagote, será o fagote o violoncelo de sopro, ou o violoncenlo um fagote de cordas?

Vivaldi: Concerto para oboé, fagote, cordas e contínuo RV545, um dos meus concertos prediletos, pode-se ouvir bem a combinação do som desses dois instrumentos fascinantes em belos diálogos compostos pelo mestre veneziano.

Vivaldi: Concerto para fagote cordas e contínuo em lá menor RV498, 2º mov. Larghetto, considero este movimento um dos mais belos dos concertos para fagote compostos por Vivaldi.



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Nizaor Junior




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